domingo, 31 de maio de 2015

Sinais de gravidez

Postado por Mãe do André às 15:46
Olá, meu filho. São 3h30 da madrugada de um sábado para domingo e eu, apesar de grogue de sono, não consigo dormir. É a segunda vez essa semana. E o pior é que amanhã (ou hoje) não será nem de longe um domingo preguiçoso. Eu preciso estar de pé antes das 7 horas, para um compromisso que durará até a hora do almoço. Depois, eu e seu pai vamos correr para um churrasco e, de lá, ainda encaro um chá de panelas. Isso porque tive que recusar outros convites e cancelar o almoço com sua avó. Ao que tudo indica, não estou tendo de crise de insônia por ansiedade ou por outros gatilhos emocionais que tradicionalmente provocam o problema. Parece que, chegamos àquele ponto da gravidez em que você começa a ficar apertado e eu sem muita posição para dormir.


Tudo começa com um calor inexplicável. Hoje, por exemplo, acordei molhada de suor mesmo dormindo debaixo do ar condicionado. Uma gota chegou a escorrer pelas costas, meus cabelos grudavam na minha nuca molhada e o lençol e o travesseiro estavam úmidos, como se alguém tivesse sentado sobre eles de biquíni molhado. Uma sede!!! O copão de água que sempre fica na cabeceira da cama parecia uma gota no deserto e fui obrigada a ir à cozinha beber mais água e encher novamente o copo (não sem antes dar aquele pulinho básico ao banheiro para fazer xixi, rs). Quando isso acontece, volto para a cama grogue, com os olhos ardendo de tanto sono, mas vejo os minutos passarem sem conseguir pegar no sono novamente. Em qualquer posição, parece que minha barriga me empurra para baixo. Hoje, resolvi não lutar contra isso e aproveitar o tempo desperta para escrever. Há dois dias, a exaustão por causa da semana puxada não permitiu que ficasse muito tempo fora da cama. Depois de 2 horas como zumbi, passei outras 2 horas dando cochilos de 10 ou 15 minutos e precisei cancelar todos os compromissos da manhã para tentar me recuperar um pouco. Hoje eu apenas não consigo dormir, não me sinto mal. Na quinta, eu me sentia meio tonta, meio enjoada, parecia que não conseguia respirar!

Sabe, filho, estou muito feliz com essa gravidez e acho que esses aspectos mais incômodos e desagradáveis são apenas um detalhe, um pequeno preço a ser pago por sua vinda. Tudo bem, faz parte. E é temporário. Não quero ficar me lamentando por eles. Mas eu acho que não seria justo ou honesto com você (e com outras pessoas que podem ler esses relatos) contar apenas os aspectos bacanas de uma gestação. Daí o texto de hoje (o que me lembra que eu preciso registrar o primeiro trimestre).

Os últimos 10 dias foram estranhos, filho. Muita coisa mudou. E, para ser bem honesta, não sei dizer até que ponto foi uma mudança natural da gestação ou um impacto do estresse no trabalho + três semanas sem atividade física (fiquei sem a hidroginástica por causa de um problema na piscina). O fato é que algo “desandou”, rs. Passei a me sentir mais cansada, o fôlego às vezes simplesmente desaparece e eu me pego bufando como uma maratonista que acabou de cruzar a linha de chegada após atividades simples como guardar uma compra de supermercado ou apenas calçar um tênis!! É tão ridículo que chega a ser engraçado.

O famoso inchaço da gravidez também deu suas caras. Ainda não é nada demais, mas tive que tirar a aliança do dedo tamanho foi o desconforto. Um dia desses, senti dificuldade de segurar uma caneta, pois os dedos doíam quando eram dobrados! Também percebi uma certa papada embaixo do queixo, como se eu tivesse engordado muito em pouco tempo, mas a balança jura que não. É só o meu rosto ficando mais redondo, com mais cara de mãe. E os pés... Filho, é a coisa mais engraçada! Já venho sentindo sinais de retenção de líquido há algum tempo, com dores nas pernas no fim do dia e sapatos mais apertados à noite, principalmente quando preciso ficar muito tempo em pé. E nem a drenagem linfática tem conseguido evitar esse “fenômeno”, apesar do alívio que proporciona. Mas ontem, filho, eles estavam enormes! Como sempre tive pés e tornozelos muito finos (rosto idem), quem olha de fora dificilmente perceberá todas essas mudanças, mas para mim, elas são gritantes. Hoje não conseguia parar de olhar para os meus pés. Era tão estranho ver os dedos gordinhos, o peito do pé proeminente e os ossinhos acima do calcanhar, sempre tão pontudos e destacados, desaparecerem em um tornozelo gigante. Eu, que sempre reclamei desses tornozelos tão finos, tão desproporcionais às coxas grossas, achei muito estranho vê-los como sempre desejei na adolescência.

Sabe, filho, eu sabia que essa parte estava vindo, é normal. Mas eu confesso que, como não engordei quase nada, achei que ainda teria mais uma ou duas semanas antes de ver tudo isso acontecer. Ouvi dizer que piora mesmo a partir da 34ª ou 35ª semana e achei que seria assim (torcia para que só acontecesse depois do seu chá de fraldas ou das fotos que quero fazer da barriga). Mesmo assim, pega de surpresa, minha reação é muito mais um “olha que engraçado” do que um “que horror!”. Bonito e agradável não é, mas passa, não é mesmo? Talvez isso não tenha ficado muito claro para o seu pai, que hoje me disse que só faria massagem em mim se eu parasse de “ficar obcecada com o próprio pé”.

Outra mudança recente foi a azia que se tornou constante. Eu tive que parar de comer seguindo a minha fome e voltar a olhar no relógio para comer a cada 2 horas. E passei a ter que comer menos do que eu gostaria nas grandes refeições sob o risco de ficar muito mal. Pior: os enjoos do primeiro trimestre voltaram!! Eu cheguei a passar mal 1 ou 2 dias. Por sorte, eu já sabia mais ou menos o que fazer e, por enquanto, dá para contornar o problema com um pouco mais de disciplina (que é chato e difícil para mim, mas possível).

Outra coisa chata dos últimos dias é que algumas estrias estão começando a aparecer. Ainda não é nada alarmante demais e estão em locais ótimos para serem futuramente disfarçadas, mas são suficientes para me deixarem preocupada e pensativa. Sabe, filho, eu já disse e repito: essa gravidez foi muito desejada e sempre estive consciente de que isso poderia acontecer. E tudo bem! Mas isso não significa que eu não tenha um lado vaidoso que voltou a se perguntar como ficará meu corpo após a gravidez. Todo mundo diz que ele muda, mesmo quando não há marcas explícitas, e eu me peguei imaginando que tipos de mudança o meu terá. Volto a dizer, não me importo que ele mude. Afinal, o envelhecimento vai mudá-lo de qualquer forma, com ou sem bebê, não é mesmo? 

Mas preciso ser honesta e dizer que dá um pouco de medo imaginar que mudanças serão essas. Será que vou lidar bem com essas novas marcas? Será que, entre mortos e feridos, meu corpo ficará melhor ou pior após a gravidez? Sim, porque sou otimista o suficiente para achar quer ele pode ficar melhor. Ou, pelo menos, que minha relação com ele fique melhor. Filho, vou te contar um segredo: sua mãe sempre se mostrou muito confiante e sempre levantou a bandeira “contra a ditadura da beleza” e “contra a pressão da vaidade”, mas a verdade é que ela nunca gostou muito da imagem que via no espelho. Até agora! Sua vinda me ajudou um pouco a gostar mais do meu próprio corpo e agradecer a ele por se capaz de passar por todas essas experiências. Mais do que isso, é a primeira vez que quero me esforçar (não exageradamente, mas um pouco mais) para me sentir bonita na frente do espelho, a me cuidar. É a primeira vez que me sinto bem nesse corpo. Eu até emagreci! Quer dizer, na balança meu peso aumentou, claro, afinal, isso é essencial para você vir saudável!! Mas vi meu rosto, braços e pernas mais finos do que antes da gestação. Minha relação com a comida mudou e sinto que finalmente estou colhendo os frutos do trabalho de reeducação alimentar e emocional dos últimos dois anos. Ou seja, diante dessa perspectiva, tinha (ou tenho?) esperanças, sim, de que meu corpo me fosse mais agradável mesmo após a gravidez – e, nesse sentido, que ficasse melhor. Confesso que essa confiança ficou um pouco abalada diante das mudanças dos últimos dias. Mas, fazer o que? Faz parte! É sinal de que você está chegando.

A gravidez não é só alegrias, mas ainda é uma experiência fantástica, que vale a pena. Quanto ao meu corpo... Bem, depois que você nascer a gente vê como fica e o que pode ser feito. O importante vai ser ter você comigo!



Vitória, 29 de março de 2015 – 32 semanas

Comente pelo Facebook:


0 comentários no blog:

Postar um comentário

 

Cartas para meu filho Copyright © 2014 Design by Amandinha Layouts Amandinha Layouts