domingo, 3 de maio de 2015

Como não levar a vida

Postado por Mãe do André às 11:16
É, filho. Era para ser uma semana de conquistas, de alegrias. Afinal, era a nossa última semana de férias – minhas últimas férias sem você comigo. Mas abusei, né? Foram tantas preocupações, tanto nervosismo. E para nada! Estraguei quase tudo!


Deixa eu te contar um segredo, filho: sua mãe é muito boba. Sabe por quê? Porque ela é muito ansiosa (e isso já não é segredo para ninguém). Eu insisto em sofrer por problemas que ainda não existem e em me preocupar por antecipação pelo o que pode ser que venha a acontecer. E me atropelei com a ansiedade por causa da volta ao trabalho (que cenário vou encontrar?), pelo encontro que se aproxima (como será com o barrigão? Vai ficar tudo pronto?), pelas coisas da casa e do seu quarto que ainda precisam ser feitas (por que fiz tão pouco em 10 dias? E, se era para fazer tão pouco, por que não aproveitei melhor as férias????) e até pela nossa saúde e minha estética gravídica (como vou engordar só o que a nutricionista falou com essa fome que surgiu do nada?). E eu nem vou falar sobre o medo da sua chegada e da responsabilidade da sua criação... Enfim, por tudo isso e muito mais, deu o resultado que você, com certeza e literalmente, sentiu na pele. Foi o período em que eu menos dormi (e mais dormi mal), que eu me alimentei pior (com a volta da fúria por doces), que eu menos me exercitei e que eu mais me agitei. Coitado do seu pai esta semana, filho. Porque, entre cansaço, inchaço, calor, desânimo, preocupação e desespero por não fazer o que eu gostaria, o resultado final foi uma falta de paciência com tudo e com todos – inclusive comigo.


Desculpa, filho! De verdade, me desculpe! Gostaria muito que a placenta pudesse proteger você também desse impacto emocional, mas reconheço que é pedir demais de um corpo que já está nos dando tanto e de forma tão eficiente, não é mesmo? Tudo o que eu quero é fazer um alerta: filho, essa não é a melhor forma de lidar com a vida. Essa antecipação toda não resolve nem impede problema algum, ao contrário, cria vários. Nesse quesito, aprenda comigo apenas como NÃO fazer. Eu espero, sinceramente, ter aprendido novas formas de lidar com esse tipo de situação e tenho esperança de estar mais bem preparada para isso até você ser maiorzinho. Quero acreditar, de verdade, que tudo isso foi apenas uma recaída em um processo lento, mas gradual, de recuperação. Mas, em todo caso, se você, quando estiver fora da barriga, me vir surtando pela casa, atormentada por problemas que eu ainda nem sei se existem, lembre-se de uma coisa, meu filho: esse é o melhor exemplo de como NÃO levar a vida. 

Por isso, filho amado, eu imploro, mesmo que você fique perdido, sem saber o que fazer por falta de bons exemplos, NÃO COPIE A MAMÃE! Combinado? Garanto que você será muito mais feliz!


4 de fevereiro de 2015 - 24 semanas

Comente pelo Facebook:


0 comentários no blog:

Postar um comentário

 

Cartas para meu filho Copyright © 2014 Design by Amandinha Layouts Amandinha Layouts