domingo, 3 de maio de 2015

O dia em que seu pai sentiu você pela primeira vez

Postado por Mãe do André às 11:34
Bom dia, meu filho, tudo bem?

Essa semana foi bem agitada e, às vezes, imagino se você se pergunta aí dentro o que está acontecendo. Tanta correria, tanta ansiedade, tanto estresse, tantos compromissos e tão pouco sono, não é mesmo? As semanas que antecedem o carnaval são sempre assim para a mamãe, filho. Mas não é porque eu curto a folia.


É um período complicado no jornal. Muitas páginas e entrevistas para adiantar, já que o país para nesse período. Mas a correria principal é por causa do Emees, aquele encontro de jovens onde eu e seu pai somos voluntários. Mas imagino que você saiba disso. Lembra, filho? Foi lá, há 1 ano, que nossa relação começou nessa vida, pelo menos para mim. 

Foi há 1 ano que comecei a conversar com você, que ainda era apenas sonho e planos meus e do seu pai. Acho que, talvez por isso, você tenha se comportado tão bem! Nunca dormi tão pouco nessa gravidez como nos últimos 10 dias e nunca me senti tão bem. Acho que você já entende o quanto os sacrifícios que fazemos por esse trabalho nos faz bem e o quanto a recompensa é infinitamente maior. Pode parecer loucura visto de fora, mas meu sentimento é que você está tão animado quanto eu e que está fazendo a sua parte, dando a sua contribuição para este Emees: deixando a mamãe trabalhar. Digo isso porque todas as outras vezes nessas 25 semanas que tentei dormir pouco (e nada foi como agora!) ou me estressei demais ou mesmo abusei um pouco fisicamente, você reclamou e me colocou freio: passei mal ou fui forçada a sossegar, sem qualquer controle sobre o meu corpo e sem conseguir negar suas necessidades. E era por isso que eu estava tão preocupada com esse evento que, emocionalmente e energeticamente é maravilhoso e recompensador, mas que, fisicamente, sempre foi muito desgastante. Obrigada, filho!

Estou muito empolgada por passar esse encontro juntinho de você, de saber que você vai receber toda aquela energia boa, todo o carinho daquela minha segunda família e que vai participar de camarote de algo tão importante na minha vida e na do seu pai. Eu sei que, mesmo que lá na frente isso possa não ser uma parte tão significativa da sua vida como é da nossa (afinal, você é livre para fazer suas próprias escolhas, inclusive de religião), eu tenho certeza que essa experiência vai ajudar a fazer de você um homem de bem.

Mas essa semana foi muito maior do que isso. Você seguiu seu desenvolvimento dando alegrias e surpresas para os seus pais. Eu sinto que minha barriga ficou ainda mais pontuda nos últimos 3 ou 4 dias. Passei a sentir seus movimentos já aqui no alto, no umbigo, e não apenas lá embaixo. Movimentos que, na madrugada de anteontem para ontem, ficaram superfortes e finalmente pareciam chutes e socos. Tive até dificuldade para dormir, assustada e maravilhada com a intensidade dos seus movimentos. Tão intensos que ontem à noite, pela primeira vez, seu pai sentiu você na minha barriga. Ah, filho, foi tão linda a cara de satisfação dele! No primeiro chute, ele pulou junto com a barriga e me olhou com um sorrisão. “Chutou?”, perguntou, “Porque eu acho que senti”. E, para a nossa alegria, você repetiu os movimentos com força, várias vezes, para não deixar nenhuma dúvida. Como o seu pai estava feliz! Queria ter filmado esse movimento em que vocês se encontraram pela primeira vez. Achei ainda mais lindo por ter acontecido justamente ontem.

Sabe, filho, apesar de ainda estar oficialmente de férias, seu pai está numa correria tão grande quanto a minha. E ontem, quando cheguei em casa do trabalho, seu pai estava arrasado, frustrado porque não havia conseguido ter um dia produtivo. E entre os vários motivos para isso, estava você. Ele tomou a frente na arrumação do seu quartinho e passou o dia por conta do moço do gesso, que veio deixá-lo mais bonito. Só que o serviço foi mais demorado que o esperado e levou o dia inteiro, com muito barulho e muitas interrupções. Mas está quase pronto, filho, e tudo já começa a ficar do jeitinho que você vai encontrar. Estou tão feliz!

Eu só sei que depois de parar para relaxar um pouquinho comigo no sofá e perceber fisicamente a sua presença, o semblante do seu pai mudou. As sobrancelhas caídas e o desânimo deram lugar ao sorriso largo e ao papo animado. Foi muito bonito você agradecer seu pai assim. Não sei se foi só por isso, mas, definitivamente, mudou o dia dele. E agora eu sei que desse dia tão difícil para nós dois, a lembrança que vai ficar é do apoio do nosso filho ao nosso trabalho voluntário e da alegria de um pai ao sentir seu filho pela primeira vez. Foi como se você dissesse obrigado. Mas quem agradece, filho, somos nós!

Amo você


Mamãe


Vitória, 13 de fevereiro de 2015 – 25 semanas, 6 da manhã

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