domingo, 25 de outubro de 2015

A mãe que eu quero ser (e as contradições da maternidade)

Postado por Mãe do André às 04:30

Não, filho, eu ainda não sei que tipo de mãe eu quero ser para você. Tirando os adjetivos óbvios que eu gostaria de ter (amorosa, justa, presente, paciente, firme, etc.), eu ainda não sei como vai ser a nossa relação. Você ainda nem completou 3 meses, sei que é cedo para tal definição. Mas é que eu me peguei refletindo como já estou completamente tomada pelas contradições da maternidade. E como mãe, no fundo, é mesmo tudo igual! 
Sim, filho. Eu já percebi que toda mãe é um poço de contradições. Ser mãe é ser contraditória. E, nesse sentindo, eu já sou todinha mãe. A gente quer ser firme, mas se percebe manteiga derretida. Quer ser despreocupada, mas se arrepia quando o filho dos outros (!!) quer ir sozinho no brinquedo próprio para a sua idade (imagine quando for você!). Quer ensinar independência, mas ama quando seus sobrinhos pedem ajuda para tarefas que você sabe que eles poderiam realizar sozinhos. Quer ser referência de paciência, mas se irrita depois de cinco minutos de choro. Quer ser forte, mas chora junto quando percebe sua dor. Quer estar sempre presente, mas não quer abrir mão de checar as redes sociais mesmo quando você pede interação. Quer manter sua própria vida, com um tempinho e prioridades só para mim, mas se culpa quando vai à esquina sem você. Que coisa!

Nunca esperei que ser mãe fosse algo fácil. Mas eu me surpreendo por já ter tantas questões agora, já tão cedo. O que eu queria mesmo era não pensar tanto. Ir vivendo simplesmente. Mas aí acho que seria preciso nascer de novo. Você sabe, filho, sou racional até demais para muitas coisas. Mas ser mãe é algo visceral, que toma conta de você até às entranhas. É uma loucura. É instável. É irracional. É emoção inexplicável. É incrível!!! E um pouco assustador.

Acho que toda mãe é meio louca. Acho que, de alguma forma, a sanidade não combina com a gente. Não seria possível ser mãe e ser sensata. Simplesmente não dá. Porque, racionalmente, nada faz muito sentido e, ao mesmo tempo, faz todo sentido do mundo. Você não tem mais direito de dormir quando quer, de comer quando tem fome, de ir ao banheiro quando tem necessidade. Você não pode mais tomar banho quando der na telha, escrever quando tem uma ideia, ver os amigos quando tem vontade. Sair de casa exige uma maratona. Ir à farmácia é uma odisseia. Comida quente, um luxo. Você nunca esteve tão cansada na vida e chora de vez em quando por pura exaustão. E, mesmo assim, não voltaria atrás. Mesmo assim, fico com você curtindo seu cheirinho quando poderia colocar você no berço e, finalmente, fazer minhas coisas. Mesmo assim, nunca estive tão feliz!

É ou não é uma loucura? E que loucura boa, rs. Eu te amo, meu filho

Mamãe

Vitória, 19 de agosto de 2015 - 2 meses e 21 dias

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