segunda-feira, 17 de abril de 2017

48 horas sem mamar (de novo!)

Postado por Mãe do André às 16:17

O que está acontecendo??
Bom dia, meu filho! Mamãe anda tão ocupada que tem sido difícil parar para escrever para você. Mas eu sinto que preciso escrever. Sinto que meu coração aos pulos e meus seios doendo de tanto leite não me permitirão concentrar nos estudos que precisam ser feitos.

É a segunda vez nesta semana que você se recusa a mamar. Que não apenas não pede, como também não aceita o peito quando eu o ofereço a você. E agora você está mamando apenas uma vez por dia, então essa recusa significa um dia inteiro sem o leitinho da mamãe. Parece um sinal claro de que o desmame gradual e natural que eu queria fazer está dando certo. Mas em vez de comemorar, eu estou sofrendo. Meu Deus, por que nós, mães, somos tão contraditórias??? E por que eu não consigo esquecer a sua primeira grande crise??

A primeira vez que você negou o peito foi na sexta-feira passada. Você foi a um aniversário com o seu pai enquanto eu curtia um "vale-night trabalho" e voltou capotado de lá. Até aí, tudo bem, você pula de vez em quando já a mamada do início da noite. Quando acordou de madrugada, preferiu tomar água em vez de peito (ok, pensei, já aconteceu isso uma vez, quando você comeu uma comida um pouco mais temperada). Mas aí, de manhã, quando eu achei que enfrentaria a fúria de um bebê desesperado de fome, você riu para mim e me chamou para brincar. Com os peitos doendo, cheguei a oferecê-los a você. Você não quis. Preferiu o café da manhã com pão e suco. Confesso que me assustei, mas sorri. Achei ótimo. Mas sofri o dia inteiro (fisicamente mesmo!) por causa dos seios cheios de leite. Que dor! (mesmo assim, fiz de tudo para não tirar o leite, para o corpo entender essa nova rotina)

No dia seguinte, você mamou antes de sairmos da casa da sua avó, cerca de 48 horas depois da sua última mamada. Mas, apesar do horário, não dormiu no carro. Chegou acordado em casa e seu pai quis fazer um experimento: eu fui tomar banho e ele tentou colocar você para dormir "no seco", como brincamos. Tentou, não, conseguiu!!! E facilmente!! Isso encorajou o seu pai a ser mais ativo com você durante a noite, tentando incentivar o desmame. Os dias seguintes foram assim: quando você acordava de madrugada, seu pai ia até você e oferecia água no copinho. Se você não quisesse ou se continuasse chorando, eu aparecia no quarto e dava o peito. Das três mamadas diárias que você geralmente fazia (antes de dormir, no meio da madrugada e de manhã) tem feito uma ou duas, geralmente  uma. Seu amor pelo pão fez com que a mamada da manhã se tornasse cada vez mais rara. Tudo certo, né? Até ontem.

Ontem à tarde foi o dia da sua primeira grande crise, que eu já te contei NESSA CARTA AQUI. O jantar aconteceu bem mais cedo do que o normal, já que você não havia comido nada de tarde e estava morrendo de fome. Meia hora depois da janta, você já estava morrendo de sono e fizemos o ritual banho-musiquinha-cama. Mas, de novo, você não quis mamar! Chorava, abria a boca em direção ao meu peito, mas antes de abocanhar, virava o rosto e chorava. Meu Deus, o que está acontecendo??? Eu fiquei tão assustada, filho. Não conseguia entender. Seu pai achou melhor tentar colocar você para dormir sem mamar, mas à medida que eu ia andando para fora do quarto, seu choro aumentava, ficava mais forte. Voltei. Deitamos eu e seu pai em volta da sua cama e rapidamente você dormiu. Muito rapidamente mesmo. Eu fiquei ali, sem entender nada. De novo.

Você chegou a chorar duas vezes nessa madrugada, mas parou e voltou a dormir antes do seu pai chegar no quarto. Mesmo tendo ido dormir cedo, não mamou da madrugada. De manhã, com meus seios doloridos de tanto leite, pulei da cama e fui correndo dar de mamar. Você não quis!! Fez a mesma coisa da noite anterior. Vimos a pontinha de um dentinho novo, passamos remedinho e você se acalmou. Mas não mamou. Uns 40 minutos depois, comeu um pão feliz da vida, dando gargalhada e brincando comigo na cozinha. Seu pai com aquela cara "o que deu nesse menino?", também sem entender nada. E eu arrasada por dentro. Pensando que eu deveria estar comemorando, mas estava em pânico, discutindo internamente comigo:

 "Vai ser assim? De uma hora para outra? E a nossa despedida lenta e gradual? Será que ele ainda está bravo comigo? Será que queria peito ontem à tarde e como eu não dei ele acha que acabou? Eu magoei meu filho ao não intervir à força durante a crise? Mas 1 ano e 2 meses ainda é muito cedo para desmamar!!! Acho que não estou pronta para desmamar!!"

Sim, pirei, filho. Pirei tanto que até agora não comecei a fazer as coisas que eu deveria estar fazendo. Não sei se é só o impacto da tarde de ontem. Se é só uma fase. Se é você decidindo que não quer mais o peito na mamãe. Só sei que eu não esperava me sentir assim. Eu achava que iria comemorar. Eu achava que você mamaria até quase os 2 anos e, quando veio a ideia do desmame, que isso só aconteceria no final do ano.

Só sei que você está há mais de 36 horas sem mamar e, pelo andar da carruagem, vamos chegar novamente a 48 horas (por que eu duvido que você vá preferir mamar a almoçar). Eu só sei que não tenho controle sobre nada e que abrir mão desse nosso momento tão difícil mas tão nosso (e só nosso) é muito mais difícil do que eu poderia imaginar. Só sei que me sinto uma boba, uma "drama-queen", uma incoerente.

Será que um dia, nós, mães, faremos sentido?

Vitória, 2 de agosto de 2016 - 1 ano, 2 meses e 4 dias

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