quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Seu primeiro aniversário

Postado por Mãe do André às 17:51
Um ano!! Você fez 1 ano, meu filho! Doze longos, intensos, terríveis e maravilhosos meses! E acho que pouca gente comemorou tanto uma data como a gente neste ano. Você teve duas festinhas, começa por aí. Mas não foi só isso. Eu passei umas três semanas empolgada, fazendo retrospectivas mentais, analisando cada conquista, cada dificuldade, cada mudança. E foram tantas!


Não foi fácil, né filho? Ainda mais com seus probleminhas de saúde dos últimos dois meses. Mas eu acho que nunca é. Algumas mães fazem parecer fácil, mas eu tenho certeza que é só isso: aparência. O primeiro ano de um bebê é sempre intenso, épico, uma jornada. É como um imenso trator passando por cima de todas as teorias e todas as certezas, destruindo e modificando tudo o que você já foi um dia, todos os gostos, rotinas e hábitos. É um caos periódico: quando você acha que entendeu e começou a tomar o controle, tudo muda novamente. Mas assim como acontece com o trator, a pseudo-destruição causada pela chegada de um bebê é, na verdade, uma forma de arar a terra, preparar o terreno para que se aflore o que nós temos de melhor. Eu morri e renasci algumas vezes neste ano. Fui muitas pessoas diferentes, numa metamorfose ambulante (a música nunca fez tanto sentido para mim como agora, rs). E você também, André.

Olha quem nós éramos no primeiro mês, pessoas frágeis, instáveis e inseguras. Essas pessoas não existem mais. Olho o esboço de segurança e de uma relação mãe-e-filho que tivemos no segundo e no terceiro mês e nada daquilo existe mais. Não entendo como foi possível manter aquele ritmo de amamentação do quarto ao sexto mês. Lembro do bebê que não controlava a cabeça, daquele que começou a rolar pela casa, da primeira vez que se sentou, das mudanças no rostinho, da primeira fruta, da primeira vez que reparei as pernas fortes querendo ficar em pé, do sofrimento de cada dente, de cada febre, de cada choro e sorriso na adaptação na creche. São bebês diferentes. Não tem como dizer que todos eles eram a mesma pessoa porque não eram, André. Você também foi muitos neste ano, meu filho. E hoje você é uma pessoinha, cada vez menos bebezinho, cada vez mais independente, cada vez mais no comando do seu corpinho, cada vez mais entendendo o mundo à sua volta e interagindo com ele. E essa sua fase "macaquinho de circo", sempre pronto a nos imitar, é sensacional!! E dá tchau, manda beijo, bate palma, dança, faz palhaçada, faz que não com o dedinho. Aponta para os objetos que quer e diz "essi", diz "nanana" para pedir banana (ou qualquer outra comida, para dizer a verdade). Fala "ishi" quando faz algo errado. Balança o dedo em riste e grita "E-ta!" para brigar com a Preta, a cachorra da sua prima. Você nos entrega os livros que quer ler e engatinha até o nosso colo para esperar a leitura. Diz frases e mais frases de um "ta-ti-bi-ta-ti" indecifrável. Como não se apaixonar? Como não rir e agradecer a Deus todos os dias?

Eu também fui muitas nesses últimos 12 meses. Olho para trás e me surpreendo com a intensidade e a profundidade das mudanças - só comparável com a frequência delas. Fui um ser frágil e inseguro que se desesperava quando a barriga roncava pela 20ª vez no dia ("Ah, não, vou ter que comer em vez de dormir", pensava chorando). Achava que não tinha leite suficiente para amamentar você mesmo com o sutiã molhado e os seios pingando. Fui um ser rancoroso e triste ao acreditar que minha vida jamais teria espaço para mim novamente e ao me sentir prisioneira na minha própria casa. Fui alguém que teve certeza que a culpa era o único sentimento possível para aqueles momentinhos de prazer individual. Fui guerreira e cheia de mim ao comprar briga para amamentar exclusivamente até os seis meses e, para isso, abrir mão da facilidade da chupeta. Fui aos céus quando consegui! Fiz visitas constantes ao céu e ao inferno, como um joão-bobo sendo arremessado de um lado para o outro pelas porradas da vida, tentando me dividir entre a retomada dos exercícios físicos e dos estudos e a adaptação na creche; os momentos de paz e as inúmeras doencinhas; o ritmo alucinante de um lista de tarefas infinitas e o desejo de não fazer absolutamente nada e apenas repor o sono acumulado; a vontade de voltar a ser um pouco de quem eu era e a certeza de que queria ser mãe e apenas mãe por muito tempo ainda...

E olha que nem coloquei seu pai nessa equação!!!

A verdade é que fomos muitos, André, versões ora melhoradas ora pioradas de nós mesmos. Às vezes, pessoas completamente diferentes. A MINHA verdade é que o primeiro mês tem 300 dias, os primeiros seis meses duram 3 anos, e que todo o segundo semestre passa em poucos segundos. A única certeza é que foram os 366 dias (porque este ano foi bissexto!!!) mais intensos de nossas vidas e que tanta intensidade merecia ser comemorada à altura. E foi: uma bagunça só nós dois e seu pai, uma festa com a família, outra com os amigos. Comemorações tão corridas e tão intensas como este ano que passou. E eu fiquei tão feliz esses dias! Tão, tão, tão feliz!

Foi fácil? Absolutamente não!!! Foi bom? Maravilhosamente e absolutamente sim! Valeu a pena? Com toda a certeza de cada célula do meu ser. Foi uma jornada incrível e desafiadora, que está apenas começando. Obrigada por me fazer uma pessoa melhor, meu filho. Obrigada por me proporcionar tantas reflexões! Mas agora podemos pegar mais leve, né? :P

FELIZ ANIVERSÁRIO, ANDRÉ!!!


Vitória, 7 de junho de 2016 - 1 ano e 9 dias

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