sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Positivo ou negativo?

Postado por Mãe do André às 16:00
O palitinho que mudou minha vida
Nesta semana aconteceu uma coisa estranha, filho. Ela começou com uma crise de ansiedade como há muito eu não tinha. Eu me vi presa em pensamentos descontrolados, procurando consequências terríveis para um problema que eu ainda nem sabia se tinha. O coração palpitava, eu suava frio e não conseguia dormir apavorada por uma possibilidade quase impossível de um suposto problema. E quando vi que ele realmente não existia, não fiquei aliviada, fiquei até um pouco triste. Eu achei que você ganharia um irmãozinho(a), André.



Sabe, filho, mamãe anda cheia de bicheiras. A cada médico que eu vou recebo a indicação de procurar um outro especialista. Tem quase um mês que você está na creche e minhas manhãs "livres" estão quase sempre preenchidas por consultas e exames. Até agora, nada sério, mas eu ando tão esquisita que comecei a ficar com medo de estar com alguma doença realmente grave. Confesso que esse medo ainda não foi embora pois ainda faltam algumas consultas.

Mas aí a mamãe começou a ficar emotiva demais. A ter vontade de chorar por motivos idiotas, como não ter a comida que eu queria comer ou ver aquele comercial de margarina. Meu primeiro pensamento foi: "Ih! Acabou a folga, estou de TPM, vou menstruar" (você tem 9 meses, filho, e mamãe ainda não voltou a sangrar). Não pensei em gravidez, afinal, mamãe se previne. E eu estou sentindo cólicas, ou seja, contagem regressiva. 

Paralelo a isso, eu e seu pai começamos a conversar sobre o segundo filho. Sobre quando começaríamos ver a burocracia para a adoção, se seria melhor esperar o ano que vem ou até mais, etc. E como eu comecei a ver com meu ginecologista alternativas de proteção mais a longo prazo, como o DIU, eu me senti na obrigação de fazer uma pergunta que, até então, era apenas retórica: "não vamos mesmo engravidar de novo, né?" Afinal, eu já estou com 35 anos e se essa for realmente uma possibilidade é preciso decidir logo. Eu e seu pai só tivemos fragmentos de conversas e ainda não chegamos a nenhuma conclusão.

Só que os dias se passaram e nada do "Chico" aparecer para "a visita". De repente, uma pulga se instalou atrás da orelha. E se....? Não, não pode ser. Eu tomo anticoncepcional. É, mas eu esqueci alguns (muitos) comprimidos em várias cartelas. Não, mas a gente tem tomado outros cuidados por causa disso. É, mas eles não são 100% seguros. Ai meu Deus, será? Será que conseguimos cair naquele 1% de chance de todas as variáveis se encontrarem ao mesmo tempo naquela única e rara possibilidade? Entrei em pânico! Não, não é possível que eu vá começar tudo de novo!! Logo agora que estou retomando a minha vida? Como cuidar de você, André, de barrigão? Como cuidar de dois bebês ao mesmo tempo? Vou ser daquelas que vai amamentar dois filhos ao mesmo tempo? Vou desmamar você à força? Onde vou enfiar outra criança neste apartamento? E a zika? Enfim, acho que deu para entender o nível de loucura que vivi. Passei a noite nessa "nóia" e de manhã cedo estava na porta da farmácia antes mesmo do moço terminar de abri-la para comprar um teste de gravidez. Ufa, negativo! Ufa? Por que um lado meu está desapontado? Eu não quero outro bebê na minha vida, certo? E se eu vier a querer, definitivamente não seria agora, não é? Ou é?? Vixi!!!

A única certeza é que realmente não esperava me sentir assim. E que essa reação vai levar a tal conversa com seu pai para outro rumo. Podemos até decidir mesmo não engravidar, mas agora essa possibilidade deve ser considerada de verdade nas nossas reflexões. Talvez a gente comece a tal burocracia no Juizado da Infância bem antes do que eu havia imaginado. Ou talvez não. Talvez seja só porque a gravidez seria uma explicação feliz para todos os sintomas estranhos que eu ando sentindo (e como na lista de causas existem possibilidades muito ruins, talvez eu tenha me apegado à melhor delas). Talvez seja só meu relógio biológico perguntando: "você tem certeza?" Talvez seja meu medo recorrente do novo que quer me deixar onde eu já estou confortável, nesse papel tão gostoso de mãe (e como 2016 terá tantas novidades para enfrentar!). Talvez seja só a facilidade de não precisar decidir, afinal, se eu engravidasse sem nem chegar a menstruar e usando dois métodos contraceptivos é porque tinha mesmo que ser - Deus decidiu por mim, rs.

Mas talvez seja só sexto sentido mesmo. Na consulta de ontem, o médico recomendou fazer um exame de sangue, pois esses testes de farmácia podem dar falso negativo se forem feitos muito no início da gravidez. Ai meu Deus, olha a pulga pulando feito louca atrás da minha orelha aqui de novo! Acho que vou lá hoje mesmo. E o que é esse esboço de sorriso neste canto da minha boca? Minha Nossa Senhora! Significa?


Vitória, 10 de março de 2016 - 9 meses e 10 dias

ATUALIZAÇÃO: Fiz o exame de sangue no mesmo dia que escrevi a carta e não, não estava grávida. E, sim, fiquei decepcionada. Mas agora não tenho dúvidas de que era o melhor resultado. Os médicos acabaram e não tenho nada muito grave, mas precisarei fazer mais uma dieta como tratamento (assunto para outra carta). Com muita conversa com o seu pai, André, e algumas sessões na psicóloga, entendi os sentimentos por trás dessa sensação. A verdade é que quero, sim, aumentar a nossa família. Mas não agora. E não com uma gravidez. Com o tempo eu explico melhor, filho. Você vai entender. (1º de abril de 2016 - mas é verdade! rs)

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