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É só uma creche, mas parece bicho-papão |
A adaptação começou da melhor forma possível, com você super-empolgado de ver outras crianças e sorrindo para todos à sua volta: professoras, funcionários e até pais de alunos. Achei que seria fácil. Você realmente adora estar com outras crianças. Mas aí você percebeu que eu não ficaria na sala para sempre e começou o drama: meu e seu. As professoras garantem que você é um dos primeiros a se acalmar, mas ir embora enquanto você chora e estica as mãozinhas em minha direção é um dor tão grande que neste momento eu preferia ser torturada pela máfia chinesa. E ver você chorando sentadinho e sozinho no meio da sala? Vontade de invadir o lugar, pegar você no colo, sair correndo e não voltar nunca mais!!!!
Eu nem vou escrever tudo o que eu senti neste período porque meu lado racional ainda tem algum senso de ridículo, mas vou dar a você uma ideia da loucura que foram esses dias.
"Eu sou uma mãe horrível" foi uma das coisas mais leves que a culpa me fez sentir nas últimas semanas. Eu fico me torturando lembrando que eu ainda não trabalho, que eu poderia ficar com você mais tempo em casa e fico me flagelando com todos os possíveis traumas que eu poderia estar fazendo você passar "à toa", já que eu "não preciso" ter você na creche. Mas, filho, sinceramente, eu preciso! Só quem já ficou 24 horas por dia por conta de um bebê sabe o quanto é pesado. Eu sinceramente acredito que não daria conta sem surtar. Sei que muitas mães por aí dão conta e com louvor, mas eu preciso ser honesta e reconhecer que não faço parte desse time. Eu preciso ter um pouco da minha vida de volta e não sei nem como explicar minha alegria ao começar minhas aulas de italiano e o pilates. "Eu estou viva de novo", "sou alguém além de mãe e isso é maravilhoso", pensava - mas não sem culpa por me sentir assim.
Não me entenda mal, filho. Eu amo ser mãe e adoro a possibilidade de acompanhar sua vida de pertinho. É um privilégio que nem todo mundo tem e que eu agradeço muito a Deus. Aliás, até o fim do ano você ainda é a minha prioridade e o trabalho será apenas bicos, nos intervalos que você permitir. Mas quero (e sinto que preciso!) voltar a trabalhar. E eu não entendo essa pressão da sociedade que diz que quando um filho nasce a mulher deve ser apenas e exclusivamente mãe, 24 horas por dia. Eu não entendo por que querer uma folga mostra como você é incompetente e péssima nessa função. Não sou. E acho que ter o direito de ser mulher 4 horas por dia, cinco vezes na semana (pelo menos) vai me fazer uma mãe muito melhor. Sabe por que, meu filho? Porque quando eu estiver com você, estarei 100% presente e não preocupada com as coisas que quero fazer ou mentalmente longe resolvendo algo no celular. Por que eu vou estar com baterias recarregadas. Por que ninguém cuida bem de outro ser humano se não estiver bem e sabendo cuidar de si mesmo. Sim, eu sou mais do que mãe, mesmo que a maternidade seja uma das parcelas mais importantes da minha vida neste momento. E tudo isso fez com que hoje parecesse férias! Aquelas férias tão aguardadas e também comemoradas com tanta euforia que você nem sabe muito bem o que fazer neste primeiro dia.
Não me entenda mal, filho. Eu amo ser mãe e adoro a possibilidade de acompanhar sua vida de pertinho. É um privilégio que nem todo mundo tem e que eu agradeço muito a Deus. Aliás, até o fim do ano você ainda é a minha prioridade e o trabalho será apenas bicos, nos intervalos que você permitir. Mas quero (e sinto que preciso!) voltar a trabalhar. E eu não entendo essa pressão da sociedade que diz que quando um filho nasce a mulher deve ser apenas e exclusivamente mãe, 24 horas por dia. Eu não entendo por que querer uma folga mostra como você é incompetente e péssima nessa função. Não sou. E acho que ter o direito de ser mulher 4 horas por dia, cinco vezes na semana (pelo menos) vai me fazer uma mãe muito melhor. Sabe por que, meu filho? Porque quando eu estiver com você, estarei 100% presente e não preocupada com as coisas que quero fazer ou mentalmente longe resolvendo algo no celular. Por que eu vou estar com baterias recarregadas. Por que ninguém cuida bem de outro ser humano se não estiver bem e sabendo cuidar de si mesmo. Sim, eu sou mais do que mãe, mesmo que a maternidade seja uma das parcelas mais importantes da minha vida neste momento. E tudo isso fez com que hoje parecesse férias! Aquelas férias tão aguardadas e também comemoradas com tanta euforia que você nem sabe muito bem o que fazer neste primeiro dia.

O que me consola é a ideia de que a adaptação nunca é fácil e que você iria passar por isso eventualmente. Na nossa realidade, babá está fora de cogitação. E dizem que quanto mais velha a criança, mais difícil esse período inicial. O que me consola é pensar em todos os benefícios e lembrar que tirar você da creche agora é apenas adiar o enfrentamento dessas dificuldades. Eu realmente acredito que a creche é a melhor solução. Acho de verdade que você vai se desenvolver melhor lá e que terá muitas boas lembranças. É um lugar com uma proposta pedagógica séria e que, como disse, mais dia ou menos dia você iria enfrentar. E eu continuo me apegando ao meu mantra: "você não vai se lembrar". E eu vi você parar de chorar antes mesmo de eu sair da sala e vejo você brincar feliz e tranquilão quando eu volto para buscar você. E eu vi a empolgação que você fica no meio de outras crianças. E eu ainda vou ficar à sua disposição a maior parte do dia e só volto a trabalhar aos poucos, depois que passar essa fase inicial mais pesada. Mas.... DEUS COMO É DIFÍCIL!!!!
Muito difícil!! Eu espero, sinceramente, que a minha adaptação seja tão rápida quanto a sua.
Agora deixa eu correr e tomar banho rápido pois meu primeiro dia de folga já está quase acabando e eu preciso ir buscar você. Espero encontrá-lo feliz!!
Vitória, 29 de fevereiro de 2016 e 3 de junho de 2016 - 9 meses e 1 ano e 5 dias
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