segunda-feira, 11 de julho de 2016

Uma carta para seu irmão

Postado por Mãe do André às 20:33
Campanha da OAB-SP S2
Não, André, eu não estou grávida. E, sinceramente, não pretendo aumentar a família assim tão cedo. Sei que algumas coisas a gente não controla, mas no planejamento inicial meu e do seu pai um irmãozinho ou irmãzinha não é algo de curto prazo. Mas, assim como aconteceu com você, André, eu me peguei pensando nessa chegada. Você se lembra? Eu comecei a pensar em você, em como seria sua vinda e sua chegada à nossa família, meses antes da concepção. Era como se eu sentisse sua aproximação. Comecei a conversar com você e cheguei até a escrever sua primeira carta meses antes de qualquer tentativa de engravidar. Lembra? O mesmo tem acontecido com o seu irmão. E eu gostaria de pedir licença para registrar isso. Aliás, considere esta carta uma espécie de "aviso prévio", rs. Quando seus irmãos chegarem, isso aqui vai se chamar "Cartas para meuS filhoS", então aproveite os meses de exclusividade pois eles vão acabar! hahaha :P Então, vamos lá:

Ao meu filho adotivo
Eu não sei se você será homem ou mulher. Não sei com que idade chegará à nossa família nem que história (triste, talvez) nos trará a alegria da sua convivência. Mas assim como aconteceu com seu irmão André eu sinto que você já está, de certa forma, ligado à nossa família e não resisto à tentação de conversar com você. Filho, eu já te amo tanto!! Você já é tão esperado! E ultimamente tenho pensado muito em você. Às vezes tenho a sensação de que você já chegou à Terra ou está prestes a chegar e que é essa energia em movimento que me faz pensar em você. Eu e seu pai ainda não decidimos quando vamos nos inscrever no Juizado e sabemos que sua gestação na nossa família deve durar muito mais que 9 meses. Mas eu sinto que ela já começou.

A princípio, não consigo me ver com outro recém-nascido nos braços e seu irmão ainda requer muita atenção para que eu e seu pai tenhamos cabeça para iniciar a burocracia que envolve sua chegada. Não sei quais são os planos de Deus (e eles são sempre perfeitos) mas o plano dos seus pais é recebê-lo já maiorzinho. Não estabelecemos ainda (na verdade, nem sei se estabeleceremos) com que idade ou em que época isso iria acontecer. Assim como em uma gravidez biológica, não podemos estabelecer prazos fixos, só vontades. Mas eu tenho pensado tanto em você ultimamente!!!! 

Eu me pergunto se você já nasceu. Se ao menos já se prepara para isso. Fico imaginando como será nosso primeiro encontro e se será amor à primeira vista ou uma construção gradual como foi com o André. Eu me pergunto às vezes por que precisamos nos encontrar assim, com escalas, em vez de diretamente. Fico imaginando como vai ser sua relação com seu irmão. Como será o seu primeiro dia em nossa casa? Será que eu vou saber lidar com todas as suas necessidades do jeito certo? Será que vou ser boa mãe e dividir bem a atenção por dois?

Mas sabe o que eu acho mais fantástico de tudo isso, filho? É que todos esses questionamentos, inseguranças e medos que eu tenho como mãe seriam os mesmos se você viesse pela minha barriga. EXATAMENTE os mesmos! Sabe, filho, eu não acredito que os bebês sejam folhas em branco e, por isso, "mais fáceis de lidar" do que uma criança maior. Acredito que todos somos espíritos imortais, com qualidades e defeitos "de fábrica", rs. Todos nós temos um passado. Todos nós temos desafios. E cada gravidez é única. Cada filho tem uma história e chega à família de forma diferente, ainda que todos viessem  da mesma barriga. Porque cada filho vai encontrar seu pai e sua mãe em um momento diferente da vida. Se a gente faz tudo certo, filho, vamos mudando constantemente, evoluindo. A mãe que eu sou hoje é diferente da mãe de seis meses atrás.

Uma coisa é certa: eu já sou sua mãe. Eu ainda não sei quem você é, não sei seu sexo, sua cor, sua idade. Mas sei que você já faz parte dessa família e é muito desejado, muito aguardado. Não vamos nos encontrar a agora. A distância que separa nosso abraço deve ser bem maior do que 9 meses. Mas eu já me sinto grávida de você. Sua gestação em meu coração já começou. Não vou ter ultrassom de lembrança, nem vou ouvir seu coraçãozinho em mim. Mas nosso cordão umbilical de certa forma já existe, meu filho, é espiritual. Não sei que caminhos você precisará percorrer sozinho até chegar à sua família, mas eu te peço coragem, se for preciso. Não desista de nós. Já estamos esperando por você ansiosamente. Você já tem um lar, meu filho. E eu não vejo a hora de ver você chegar

TE AMO

Mamãe


Vitória, 28 de fevereiro de 2016

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