sábado, 20 de fevereiro de 2016

"Ser mãe é ser Deus na vida de alguém"

Postado por Mãe do André às 23:30

A frase não é minha, filho. Foi dita por uma prima, hoje à tarde, na festa da família do seu pai. E me deixou pensativa, pois faz muito sentido. De certa forma, é verdade, ser mãe é ser Deus na vida de alguém! Com direito a superpoderes!!

Eu estava com você adormecido no meu colo, na beira da piscina, batendo papo com o pessoal. E me sentindo feliz e poderosa. Graças a você, filho. Sabe, neste feriado, estamos saindo completamente da rotina e eu entendo que isso pode ser muito difícil para você. Cidade nova, casas novas, bercinho novo e muita, muita gente nova. MUITA gente nova. Eu e sei pai temos famílias numerosas, barulhentas e unidas. E adoramos essa farra com tios, primos, sobrinhos e agregados. Mas apresentar mais de 40 pessoas ao mesmo tempo a você pode não ter sido a melhor das ideias, rs. Você continua um anjinho, André. Tem se comportado muito bem, muito melhor do que o esperado, e eu e seu pai temos aproveitado e curtido muito a festa. Você praticamente não dá trabalho. Mas, claro, tudo tem limites. 

E seu limite ficou claro: quando você se vê em seu carrinho, cercado de meia dúzia de rostos desconhecidos fazendo caras e bocas para disputar sua atenção, ou quando começa a passar freneticamente de mão em mão ou ainda quando acorda e se dá conta de que não conhece onde está, você reclama. Lógico! E reclama MUITO! É um choro assustado, desesperado e estridente, como se tivesse se sentado em um alfinete. Como raramente vemos você chorar assim, chegamos até a achar que era dorzinha e até preparamos o remédio, mas bastava você vir para o meu colo ou para o colo do seu pai para se acalmar. Às vezes, o escândalo vinha até no colo amigo da sua avó ou da sua tia, que você vê  pelo menos duas vezes por semana! Outra vezes, nem o papai serve - "não é a mamãe", rs. 

Foi aí que eu entendi: eu sou o porto seguro de alguém. Parece óbvio, a mãe é mesmo a segurança do seu bebê. Mas foi só hoje que caiu a ficha, que eu me dei conta que eu já sou a sua referência de mundo. Às vezes você acorda no susto no seu carrinho, os olhos se enchem automaticamente de lágrimas mas, antes mesmo que você comece a chorar, você ouve minha voz, olha fundo no meu olho e muda o semblante. Em poucos segundos, a carinha de terror dá lugar a um sorrisão de derreter corações. Ou você está sério, no colo de alguém, olhando tudo e todos de maneira desconfiada, não dando a menor confiança para as palhaçadas dos parentes que só faltam plantar bananeira na sua frente. Então eu chego, sorrio e digo simplesmente "ei lindão da mamãe" e até gargalhadinha você dá!!!! Você me olha com uma profunda admiração, um olhar apaixonado, como diz sua avó. E isso não tem preço, ou melhor, isso paga qualquer cansaço de noite maldormida. 

De repente, eu me senti uma super-heroína, com poderes mágicos e sobrenaturais capazes de fazer o que ninguém é capaz: acalmar e alegrar você! Assim, de graça e sem esforço. Só com a minha vibração de mágica de mãe. Hoje, na hora do almoço, você deu um show quando sua tia foi trocar sua fralda. Um escândalo. Pensamos até que fosse refluxo, já que seu papai tentou ninar você um tempão sem sucesso. Eu peguei você no colo, expliquei que estava tudo bem, cantei a música que uso para a gente "dançar junto" e em menos de cinco minutos você estava não apenas calmo, mas dormindo nos meus braços! Jogado, relaxado, seguro, apesar de toda a movimentação e barulho ao nosso redor. Naquela hora, na piscina, umas 4 horas depois disso, foi a mesma coisa. E aí, podia ter grito das tias, barulheira das crianças, latido de cachorro. Enquanto você estivesse nos meus braços você nem se mexia, estava protegido do mundo. Descobri meu segundo superpoder: o colo sagrado e braços de aço que criam um campo de força indestrutível entre você e o mundo. Braços que criam um mundo paralelo onde não chegam os perigos - nem os barulhos - do lado de cá. No minuto em que você ia para o carrinho ou para o colchonete, você acordava. A proteção estava apenas nos braços da mamãe.

Eu me senti poderosa. Metida, até. Olha só, eu posso tudo isso. Olha o tamanho da importância que eu já tenho na vida de um serzinho. Só cinco meses de vida e já existe essa conexão profunda entre nós. Essa confiança que me transforma em sua rede de proteção. Era tanta gratidão, tanta felicidade que você até parecia mais leve e eu nem me importava de ficar um tempão com você no colo. Sabe, filho, vou continuar deixando você passar de colo em colo, vou continuar participando da programação em lugares "estranhos". Afinal, você só vai se acostumar com quem você conviver e com os locais que frequentar. Mas vou estar a postos para "salvar" você e levá-lo para a segurança do supercolinho da mamãe quantas vezes e por quanto tempo você precisar! Afinal, o mais legal de ter superpoderes é poder usá-los, né?

E foi justamente quando eu explicava toda essa sensação para a prima que ela me corrigiu. "Você não é um super-herói. É como se você fosse o Deus do mundo dele", disse. Um filho vê a mãe como um ser supremo, infalível, que sabe tudo e que vai prover o alimento, a segurança, as necessidades e até mesmo a punição. "Neste momento, você é tudo para ele", resumiu a prima. 

Não sei se chega a tanto, filho. Mas ser capaz de ser o seu porto seguro, a sua referência de mundo, a sua segurança é simplesmente incrível. Ter com você essa profunda conexão de almas é, com certeza, divino!


Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2015 - 5 meses e dois dias

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