Nossos primeiros 30 dias

Um mês, meu filho!!! Hoje você completa um mês de vida, 30 dias junto de nós! Você sobreviveu a mim! E eu sobrevivi a você, rs. Sim, porque vamos ser sinceros, né, filhote? Foram os 30 dias mais intensos e difíceis da minha vida. E eu posso garantir que também não foram fáceis para você.

Só a primeira semana pareceu durar um mês. Aprendemos a mamar, literalmente, na base do suor e lágrimas (de nós dois e do seu pai), graças a uma peregrinação infinita ao banco de leite. Peregrinação, aliás, é uma palavra ótima já que hoje  aquele lugar para mim é sagrado e as enfermeiras que nos ajudaram em um momento de tanta fragilidade, umas santas! Sobrevivemos à segunda semana, a primeira semana sem seu pai, que terminou com o alívio de saber que você tinha recuperado o peso do hospital. O pior havia passado.

Você sobreviveu a pais sem jeito, a banhos em horários impróprios, a pequenos desastres como unhadas e "sufocamentos" na troca de roupas. Você sobreviveu a fraldas que demoraram demais para serem trocadas, a vacinas e cólicas.

Nós sobrevivemos às noites maldormidas, ao pânico de não saber como acabar com o choro, à tensão das primeiras mamadas, à casa em caos, à exaustão, às suas dores inconsoláveis e ao medo constante de errar e dificultar ainda mais a sua vida. Sobrevivemos ao peso de tomar as primeiras decisões por você.

Não, filho, esse mês não foi um mar de rosas. Mas passou. Hoje você tem pais um pouco mais seguros, nós temos intervalos um pouco maiores para dormir. Você já tem uma pequena rotina, nós mais serenidade para curtir sua presença. Você passou a interagir mais com a gente, começou a sorrir! Nós passamos a entender você melhor e a começar a decifrar alguns sinais que você nos dá. 

Não vou dizer que o pior já passou porque, primeiro, acho que poderia ser um pouco inocente da minha parte. Segundo, porque depende muito do que cada um considera pior. Mas posso dizer que a tensão inicial está passando e que, definitivamente, estamos a prendendo a curtir você. A exaustão passou e nós aprendemos a conviver com o cansaço que, sabemos, ainda vai durar alguns anos, rs. Não foi fácil, filho. Prometi ser sincera nesses relatos, então não vou dizer que foi maravilhoso. Mas é engraçado. Por mais difícil que tenha sido, eu estou superfeliz. Acho que crescemos juntos - você, literalmente; nós, emocionalmente. 

Às vezes ainda acho surreal eu ter um filho. Às vezes, não me sinto adulta o suficiente para isso. Ainda estranho quando chamam você de André (realmente demos esse nome!). Mas o fato é que estou muito feliz. Feliz por essa adaptação inicial ter passado e tudo ter dado tão certo. Feliz por me sentir confiante para as próximas fases e próximas adaptações. Feliz por já estar conseguindo curtir nossos momentos juntos. Feliz por estar perdendo o medo de você. 

Sim, filho, medo. Um recém-nascido pode ser assustador! Medo de quebrar, de machucar, de fazer alguma besteira que comprometa sua saúde e integridade física, medo de não dar conta, etc, etc, etc. Poucas coisas na vida são tão apavorantes quanto, de madrugada, ao colocar um bebê no berço para dormir, ele arregalar os olhos que já estavam fechados! (hahahaha - é engraçado, mas é sério, dá um certo ataque de pânico)

Resumindo: foi pauleira! Mas eu já sabia que seria assim. Foi um dos meses mais difíceis da minha vida. Mas eu estou muito, muito feliz. Obrigada, filho, por me permitir ser sua mãe. Por confiar em mim mesmo com todas as minhas dificuldades e limitações. Hoje a felicidade transborda e consegue ser maior do que qualquer cansaço. Parabéns, filho. E "bora lá" para os próximos incontáveis meses de sua vida. Mamãe vai estar sempre aqui. Como diz a nossa música inventada que eu já cantei mil vezes para você este mês: "a mamãe está aqui e nunca vai sair. Vou ficar com você até o fim", aconteça o que acontecer! :)


Vitória 29 de junho de 2015 - 30 dias (1 mês)