domingo, 6 de setembro de 2015

A rotina com um recém-nascido

Postado por Mãe do André às 08:00
Descabelada, cansada e feliz
No silêncio da noite, um choro. Olho no celular: quase 2 horas da última mamada. Sento na cama. Acendo a luz. Bebo água. Amarro o cabelo. Seu pai também levanta. Enquanto ele pega você no colo e troca a sua fralda, eu sigo para o banheiro. Faço xixi. Troco o absorvente pós-parto. Lavo o rosto. Massageio o seio. Tiro o excesso de leite. Você chora alto. 


Sento na poltrona, preparo a almofada. Seu pai me entrega você. Ajeito a pega. Coloco barriga com barriga. Brigo para tirar sua mão que você insiste em colocar entre a boca e o seio – toda vez! Seu pai me dá um beijinho e volta para a cama. Você mama vigorosamente à meia luz. Cinco minutos. Observo seu olhinho. Seu cabelo farto. Como seus cílios longos parecem não existir dependendo do ângulo. Dez minutos. Você dorme com a boca no meu peito. Sei que não posso acreditar. Insisto. Aperto. Faço cócegas. Você mama. Dorme. Mama. Dorme. 15 minutos. “Vamos, filho, mais um pouquinho”. Você solta o peito. Limpo sua boca molhada, seios idem. Você abre a boca me procurando. Volta para o peito. Vinte minutos. Ufa! Consegui! Dou mais uma chance. Não quer. Coloco para arrotar. Tapinhas. Três minutos. Mais tapinhas. Cinco minutos. Cochilo junto. Você não arrota, dorme. Desisto. Coloco no berço. Você fica. “Deu certo.” Fecho o sutiã. A camisola. Volto para cama. Apago o abajur. “Deu certo?”, me pergunta seu pai. Deu. Silêncio. 

Choro. Duas horas já se passaram. Sento na cama. Acendo a luz. Bebo água. Amarro o cabelo. Seu pai também levanta. Enquanto ele pega você no colo e troca a sua fralda, eu sigo para o banheiro. Faço xixi. Troco o absorvente pós-parto. Lavo o rosto. Massageio o outro seio. Tiro o excesso de leite. Seu pai me ajuda a ajeitar você no seio, me dá um beijinho e vai para o quarto. Cinco minutos. Tento conversar. Canto uma música. Observo sua testinha descascando. O cabelo divido como o do seu pai. As dobrinhas dos dedinhos. 8 minutos. Você mama e para. Insisto. Mexo nas perninhas. 10 minutos. Meu Deus! Hoje não passa? Você mama lentamente e eu fico com o olhar fixo no relógio. Você larga o peito. Coloco para arrotar. Você arrota! Viva! Mas não dorme. Tapinhas nas costas. Cinco, sete, nove, dez minutos. Você parece sonolento. Coloco no berço. Você não reclama. O estômago ronca. 3 da manhã. Lanchinho da madrugada: leite, algumas torradas, às vezes uma banana. Esqueci o probiótico! Que sede! Encho as garrafinhas. Escovo os dentes. Entro no quarto. Apago a luz. 

Um minuto. Você chora. Não deu certo. Seu pai levanta. Você chora alto. Ouço ele cantando para você. Cochilo nos intervalos dos seus choros. 20 minutos. Meia hora. Começa oficialmente o revezamento. Minha vez. Seu pai vai para o nosso quarto, eu vou para o seu. Embalo. Massageio. Canto. Faço “shhh” bem alto no seu ouvido. Você para. E chora. E para. Parece dormir, mas se contorce. E volta a chorar. Ando de um lado para o outro. Balanço na cadeira. Você para. Dorme nos meus braços. Deu certo? Não. Novo choro. 15 minutos. Chamo seu pai. Volto para a cama. Você chora, meu coração acelera. Você para, o cansaço me derruba. Volta seu pai. “Deu certo?”, pergunto. “Acho que sim”, responde. Apago a luz. 

Uma hora se passa. Você chora. Seu pai se prontifica a ir de novo. De repente, me grita. Cocô no chão, no seu pai, na sua roupa, em você. Eu limpo o chão e pego você. Seu pai se limpa e me ajuda. Você chora. Olho o relógio e resolvo dar o peito mais uma vez. Seu pai me dá um beijinho e volta para a cama. 5 minutos. Ouço os passarinhos. 10 minutos, os primeiros raios de sol invadem o quarto. Você mama. Dorme. Mama. Dorme. Mama. O quarto está claro. O despertador do seu pai toca. Ele vem nos dar bom dia e vai tomar banho. Pega você para arrotar. Corro e mudo de roupa. Tomo algum café. Escovo o dente. Ufa! Deu tempo! Seu pai coloca você no berço, se despede e sai para trabalhar. Você chora. Embalo. Canto. Ando. Sento. Você pára. Chora. Faz que vai dormir, mas se contorce. Chora. Canto mais. Faço trouxinha. Digo que está tudo bem, que vai passar e que você não vai se lembrar. Você sossega. Coloco no berço. Deu certo! Corro para a cama. Silêncio. 

Um hora se passa. Um choro. Troco a fralda. Coloco para mamar. Arrotar. Embalar. Dormir. Seu pai chega para o almoço. Damos banho em você (ele dá, eu ajudo, rs). Mais mamada. Você dorme. Eba! Vamos conseguir almoçar juntos. Seu pai coloca você para arrotar. Eu arrumo a mesa. Silêncio. Almoço. Seu pai se despede. Novo choro. Sua avó chega. Mais mamada. 5, 10, 15, 20, 30 minutos. Sua avó coloca você para arrotar. “Vai dormir, eu fico com ele”. Vou para cama. Você chora, eu pulo. Você silencia, eu durmo. Chora, Para. Não vejo as fraldas. 

Nova mamada. O céu escurece. Sua avó coloca você para arrotar. “Vai dormir, eu fico com ele”. Vou para cama. Novo cochilo - meu e seu. Seu pai chega. Sua avó vai. Preparo o seio. Tiro o excesso de leite. Acordamos você. Mais mamada. Seu pai coloca você para arrotar. Eu coloco a mesa. Não deu certo. Eu como, seu pai embala você. Choro e mais choro que eu finjo, em vão, ignorar. Troca. Eu embalo, seu pai come. Choro e mais choro. Finalmente, silêncio. Coloco você no berço. Mudo o pijama. Escovo dos dentes. Encho as garrafinhas de água. 21 horas. Beijinhos de boa noite. Silêncio. Duas horas e meia se passam. Um choro...



Bem, ninguém disse que seria fácil! :)


Vitória, 16 de junho de 2015 – 18 dias

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