Ah, Filho! A gravidez é um período
engraçado. Sou daquelas que defende que não é doença, mas, às
vezes, é quase! Isso porque o funcionamento do seu corpo não é
“normal”, quero dizer, algumas coisas que você sente e que passa
a conseguir ou não conseguir fazer poderiam ser sintomas muito preocupantes
do ponto de vista médico se eu não soubesse que você está aqui!
Eu confesso que me divirto. Acho
realmente engraçadas essas limitações (tá, às vezes é chato
também, me irritam, mas nem sempre). O mais engraçado é que nada é
constante, estável. As sensações de hoje podem ser completamente
diferentes daquelas da semana passada ou da semana que vem. Às vezes, subir
as escadas é apenas subir as escadas. Às vezes, elas se transformam
no Everest, com o ar rarefeito, e exigem a força de Hércules. Em
alguns dias, ir à padaria ou ao supermercado é apenas comprar
comida. Em outras, parece uma prova de resistência: minhas pernas e
minha barriga parecem pesar 1 tonelada e eu tenho a sensação de
andar como o boneco de Marshmallow do filme “Os caça-fantasmas”:
em câmera lenta e fazendo o chão tremer a cada pisada.
Às vezes é ridículo. Fico
agarrada na cama e no sofá, como uma tartaruga com o casco para
baixo, dependendo do seu pai se transformar em alavanca (ou seria um
guindaste?) para me tirar de lá. Em outros dias, nem parece que
estou grávida, de tão ágil e independente que fico. Já tentei
observar o que provoca essas diferenças de disposição. Se é o
clima, o dia em que faço ou não exercícios, o que como ou deixo
de comer, o quanto dormi à noite. Tudo parece influenciar um pouco,
mas nada parece ser definitivo para explicar tanta mudança. Eu
agradeço muito ter me mantido ativa até agora – e levanto as mãos
aos céus por nosso médico ter insistido para que eu fizesse
ginástica/fisioterapia para grávidas. Esses exercícios com certeza
foram um divisor de águas na minha mobilidade e independência. Lá,
descobri que não só era capaz, como deveria fazer alguns movimentos
que eu achava serem proibidos ou impossíveis para uma grávida
(abaixar, agachar, murchar a barriga, etc). Acho que é graças a
isso tudo que, agora, prestes a completar 40 semanas, tenho algumas
pequenas grandes vitórias no meu dia a dia. Claro, como disse antes,
não é todo dia que eu consigo realizar essas coisas, mas só quem
está ou já ficou grávida sabe como, nas últimas semanas de gravidez, alguns pequenos gestos banais
podem ser comemorados como vitórias olímpicas:
- Lavar e, principalmente, enxugar
os pés no banho (digo enxuto de verdade, não úmidos);
- Calçar um tênis sozinha (levei
15 minutos, mas consegui!);
- Calçar um tênis;
- Pegar qualquer coisa do chão sem
usar os pés;
- Ter roupas confortáveis para
vestir;
- Ter roupas que caibam;
- Fazer uma bela refeição sem ter
azia depois;
- Mudar de posição na cama de
madrugada sem sofrer e sem ajuda;
- Subir um lance de escadas em menos
de 5 minutos;
- Dormir mais de 4 horas seguidas;
- Dormir (simplesmente!);
- Levantar do sofá ou de uma
cadeira baixa sem ajuda;
- Não ir ao banheiro de madrugada
(sim, é possível! Raro, mas possível);
- Ir apenas uma vez ao banheiro de
madrugada - já é o máximo!
- Vestir uma calça sem perder o
fôlego
Ah! Tenho certeza de que está
faltando algo nessa lista. Mas também tenho certeza de que, apesar de
todas essas limitações, ainda vou sentir falta do barrigão e de você
dentro de mim.
Vitória, 22 de maio de 2015 – 39
semanas + 5 dias
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